domingo, 30 de maio de 2010

Entre qualquer coisa e nada

Vejo nuvens através da chuva,
vejo cidades através do sonho,
não há nada que me prenda cá,
não há nada que te liberte de lá,
não há nada que me impeça de partir.

Não há espaço para nós neste mundo,
possuído por um silêncio profundo.
Não podemos nem devemos permanecer,
aqui as estrelas
deixam de cintilar,
o sol deixa de brilhar,
a lua
deixa de iluminar,
e nós deixamos de amar.

E quando
eu te reencontrar não te vou conseguir contar,
que o amor é uma linha frágil que não pode ser quebrada.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Um passado recordado

Parece o passado recente. Novamente a mesma história, com as mesmas peripécias e com o mesmo final, mas podia ter sido diferente? Sim, podia se o medo não estivesse presente. Tudo vai aconteçendo aos poucos, mas isto não aconteçerá! Aquilo que passou jamais voltará. Já há muito tempo que os sinais da minha presença desapareceram. Esta não foi a primeira vez que nos desencontramos ao longo do caminho desde à traição até à fidelidade, sem sequer chegar a meio. Ainda sinto a tua presença, ou talvez a dor da tua indiferença. Um dia tudo mudará, um dia nada disto importará, mas até lá a recordação permanecerá. A memória continuará a guardar cada gesto, cada palavra... As folhas da memória parecem fazer um restolhar lúgubre no escuro. Vivo e revivo o passado perdendo cabalmente a noção do tempo e do espaço e este lugar indefinido poderá ser um lugar qualquer e nenhum, ao mesmo tempo.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Um momento sem ti, que se transformou na eternidade

Olhei para o mundo e imaginei-o sem ti. Ficou diferente, nada encaixava, nada combinava. A sintonia, a harmonia perdidas e quebradas. Mas não será apenas uma ilusão? E se este mundo não era o tão procurado e desejado? E para ruir desta forma apenas poderia ser ilusório. Então e tu? Eras mesmo tu? Ou apenas a peça principal que sustinha o sonho. Assim, já faz sentido. Ao tirar-te, esquecer-te, apagar-te acabei por desencaixar-te, e tu levaste contigo a vida, as cores e as flores. Porém a tua sombra ficou, a preto e branco, mas ficou. Parei, inspirei e pensei. Afinal a essência sempre cá esteve. Parei, suspirei e ouvi. Tirei o pincel como que por encanto e observei uma mancha azul a cair de um canto. De repente deu origem a cores que já nem me lembrava que existiam. Desenhei o céu, a terra e o mar. No céu desenhei o sol e a lua. No mar as gaivotas e as ondas. Na terra a mim e a ele. Só me sobrara o branco, e decidi apagar a tua sombra, definitivamente, para não mais regressar, garantindo jamais voltar a perder-me no teu rasto que poderá ser um lugar qualquer e nenhum ao mesmo tempo.